Da série como envelhecer, abordaremos neste espaço temas importantes sobre o assunto. Gostaríamos de destacar uma publicação da Folha de São Paulo, escrita por Martin Wolf, comentarista-chefe de economia no Financial Times, doutor em economia pela London School of Economics; ressaltando o impacto do envelhecimento na sociedade contemporânea. Ele destaca que a idade mais comum para morrer é de 87 anos, a partir de informações do livro “The Longevity Imperative” [O Imperativo da Longevidade, em tradução livre], de Andrew Scott, da London Business School. Neste texto, ele aborda o aumento global da expectativa de vida. Em 1841, 35% dos meninos morriam antes de completar 20 anos, no Reino Unido, e 77% não sobreviviam até os 70 anos. Em 2020, esses números de mortalidade haviam caído para 0,7% e 21%, respectivamente. O advento das vacinas, saneamento básico e água tratada foram fundamentais para a mudança de cenário.
Agora, temos que pensar como será esta sociedade “envelhecida” do ponto de vista econômico. Temos visto notícias de operadoras de saúde cancelando unilateralmente planos de saúde de idosos muito idoso, abusos, entre outros cenários. Porém, como diz o autor, esta nova condição também nos oferece novas oportunidades.
Devemos repensar a velhice tanto individualmente quanto socialmente, afinal, se em 1990 haviam apenas 95.000 idosos no mundo hoje temos mais de meio milhão, e assim seguirá. Neste ponto, o autor discute como envelhecer. E óbvio existem varias possibilidades, mas, em geral, desejamos a velhice autônoma e independente. Todavia, como alcançá-la, se sabemos que, no Brasil, por exemplo, temos aumentado anos de vida associados aos anos com dependência e atrelada às questões sócio-econômicas? (https://publications.iadb.org/pt/envelhecimento-e-atencao-dependencia-no-brasil)
Temos que não somente concentrar esforços para evitar doenças, por meio da alimentação balanceada, atividade física e manutenção de um estilo de vida saudável. Concordamos com o autor quando ele destaca que mudanças estruturais na sociedade são necessárias, afinal, a alta desigualdade não é apenas uma questão social e econômica, mas também um risco para a saúde.
Precisamos mudar não apenas como envelhecemos, mas como pensamos sobre a idade, as fases e etapas da vida. Trabalharemos mais tempo, o que exigirá mudanças em nossa carreira. Ao invés de pensarmos em apenas um período de educação, um de trabalho e um de aposentadoria, fará sentido para as pessoas misturarem os três. Como modelo, que mostra como isso ocorre, Singapura é um ótimo exemplo.
Assim, apenas aumentar as idades de aposentadoria de forma geral é ineficiente e injusto, uma vez que a expectativa de vida é distribuída de forma tão desigual. As taxas de contribuição para aposentadoria também precisarão ser alteradas, destaca do autor, além do que os sistemas de saúde deverão ser interligados, e a saúde pública panejada e redimensionada para este cenário.
Colocamos, então, este texto para que possamos abrir um espaço para discussão e planejamento do envelhecer, tanto do ponto de vista individual quanto social, pois, enquanto cidadãos, somos agentes desta mudança e precisamos exigir de nossos gestores mudanças efetivas baseadas em politicas públicas práticas, com ações e implementações eficientes.